7.6.09

Partículas

Após o jogo, no qual seu time tinha jogado bem, mas não ganhou, algumas cervejas e o mundo desacelerou. O dia foi escurecendo e a animação com os amigos aumentou, gritos, ofensas e risadas. Veio a fome, o cansaço e um ou dois flertes. Ele se lembra bem de quase tudo, de cada piada, até da discussão calada aos fundos dos namorados.
Chegando em casa suas pernas mal o sustentavam, o banho parecia tirar não só o peso do dia passado, mas lavava a alma cansada de alguns anos gelados.
A noite começava, o frio acompanhava e o mundo girava cada vez mais devagar, o ar estava entorpecido, o som desobedecia a física, até o fogo, em uma coluna próxima perecia resfriado. "Amanhã vou estar com o nariz escorrendo e com a garganta fechada, merda!" Ele pensou, enquanto olhava as fagulhas em contraste com o céu, logo acima da silhueta das árvores, causada pela lua cheia. Pensando agora, foi uma das noites mais lindas que ele teve a chance de observar aqui na Terra. Sem dúvida.
De volta em casa, as pernas reclamaram mais uma vez, o frio era menor, mas ainda ria dos humanos patéticos em seus cobertores e tremeliques. O telefone tocou e uma esperança reviveu dentro do seu peito. Era sua mãe. Depois da voz doce "dela", capaz de tirá-lo de qualquer concentração, de qualquer escuridão causada por tristeza, sua mãe era exatamente quem ele queria ouvir naquele momento.
Dormiu profundamente. Agora o dia amanhece escuro e novamente ele será testado, sem ter o nariz escorrendo ou a garganta fechada ele acorda melhor, mas as pernas ainda pedem descanso, que será adiado, pois o novo dia lhe promete uma busca, mais uma história e talvez mais uma tentativa falha de amor fugaz.

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