Saudade não é falta, é verbo. Saudade é sinônimo de querer, desejar,
de esperar com a certeza de chegar.
A falta que vocês me fazem é maior desejo que ar sob a água,
que sexo na noite. É a certeza que eu existo além de mim.
Saudade é a lembrança da juventude. Dos dias insanos. É a
necessidade, necessária, do contato. Pouco, fino, distante. É o presente, com
presentes e sorrisos.
É semeadura de esperança. Não... Da certeza! Não existe
saudade na confirmação da ausência. Prova são os passados. Presentes etéreos,
cúmplices da vontade que surge da falta. Na sustentação evanescente do que
somos, reflexos de nossos antepassados.
Na caixa do coração, saudades parece lubrificante. No
labirinto da razão, sabão.
Saudade é aquela areia na cueca ou calcinha, é aquele
"Vem, amor, vem!" velado na horizontal. É a vontade nunca expressa!
No fim do dia, é exatamente aquilo que não falaste, que não
comeste, que não ouviste. Eis tu, monstro da falta, da necessidade e do calor.
Pois não há falta no frio, mas sim do frio.
Saudade é o monstro matutino! É o resto do agora que nunca
teremos.
Eu não trocaria a saudade que sinto por nada, exceto por seu
assassinato brutal. Violento como os dias acompanhados por ela.
Na aventura, a saudade é aquilo que te mantém em pé depois
da baforada dracônica. No campo de batalha é companheira, aprendiz, tenente e
algoz. Durante o dia é brilho intenso a tarde, na noite, o chamado do vazio.