3.8.10

Estranho

Ele a conheceu no trabalho. Amiga de sua irmã. Primeiro os cumprimentos costumeiros, só que dessa vez dois beijos no rosto, usual no outro estado que visitava.

- Prazer. Sua irmã sempre fala de você. Estava ansiosa pra te conhecer... Finalmente.
- O prazer é meu. Que bom, espero que ela tenha dito coisas boas de mim.

A conversa se manteve nesse rumo, com algumas piadas sobre a sua irmã, assunto em comum naquele momento, algumas discussões sobre faculdade e sobre a biblioteca onde ela trabalhava.

- Então a gente combina alguma coisa, se der tempo, antes de você ir.
- Com certeza, vamos beber alguma coisa e jogar papo fora. Até mais!

Os dias se passaram, ele passeou, continuou visitando a cidade, conhecendo pessoas novas e interessantes. Mas em toda oportunidade que teve de sentar em uma mesa de bar e tomar uma cerveja, com os amigos de sua irmã ou outros novos conhecidos, ela não pode estar junto. Sem problemas, ele pensava, era apenas mais uma garota interessante com quem tropeçava no seu caminho de descobertas.
No último dia em que ficaria por lá, finalmente conseguiram estar na mesma mesa, rodeados de pessoas conhecidas e mergulhados em risadas. Logo que ele chegou, ela sentou-se do seu lado. Perna cruzada na direção dele, gesto muito sutilmente interpretado por ele como interesse dela. Algumas cervejas e caipirinhas depois, a conversa entre os dois entrava e saía de assuntos sem maiores problemas. Ele notou a forma como ela agia e percebeu sua intenção. Primeiro ficou apreensivo em tentar beijá-la ali, em função do relacionamento com sua irmã e todo o contexto em que estavam. Mas, no fechamento do bar, enquanto todos iam embora, ele se aproximou, pegou-a pelo braço e a chamou, falou de sua intenção e ela foi sarcástica:

- Como se precisasse pedir permissão!

Ele a beijou, ela fechou os olhos, ele a seguiu. Pegou em sua cintura, em seu braços, ela parecia evitar abraçá-lo, ele continuou o beijo, mais intenso, mais molhado. Pararam para respirar, ela:

- Estranho.

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