4.7.10

Chá

A chaleira apitava com a água fervente. O vapor se espalhava pela cozinha pequena e seus olhos viravam em direção à porta do quarto. Do outro lado, sobre a pia, a xícara vazia aguardava. Os pés gelados incomodavam, o cobertor não cumpria seu papel. A garganta arranhava. Ele se levantou e se arrependeu, sua cabeça quase explodiu e seus joelhos mal o sustentaram. Ele vacilou e o telefone caiu, do outro lado a voz abafada perguntou se estava tudo bem. Não deu bola, respirou fundo e foi em direção à porta. Ela cedeu ruidosa. Os olhos viraram em direção à pequena nuvem que vinha do fogão. Mais uma vez a respiração foi profunda, algumas folhas na xícara e segundos depois a água ficava escura. Apenas o cheiro da infusão foi suficiente para clarear as idéias. O primeiro gole redentor. A voz do telefone continuava preocupada. O segundo gole lhe retirou as preocupações que o inverno lhe trouxe. Pela janela dois raios de sol entravam envergonhados. O terceiro gole lhe permitiu vê-los. Deu quatro passo em direção ao telefone de voz assustada:

- Estou melhor.

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